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De acordo com a OMS, o Acidente Vascular Cerebral (AVC) refere-se ao desenvolvimento rápido de sinais clínicos de distúrbios focais e/ou globais da função cerebral, com sintomas de duração igual ou superior a 24 horas, de origem vascular, provocando alterações nos planos cognitivo e sensório- -motor, de acordo com a área e a extensão da lesão.

Em relação à epidemiologia, o AVC se destaca como a segunda maior causa de morte no mundo, sendo que no Brasil, é uma das doenças crônicas mais importantes, sendo também uma das principais causas de internações e mortalidade.

Há dois tipos de AVC. O AVC Isquêmico quando ocorre obstrução de um vaso por meio de processos ateroscleróticos ou embólicos – dificultando o suprimento de oxigênio e substratos ao tecido cerebral. O AVC Hemorrágico: por sua vez, é originado pela ruptura de um vaso com extravasamento de sangue dentro ou em volta das estruturas do sistema nervoso (aneurismas, malformações arteriovenosas, por exemplo).

O quadro clínico após um AVC será dependente da área lesionada e de sua extensão, sendo que podemos encontrar alterações em diversos aspectos (motor, sensorial, cognitivo, perceptual e emocional).

Dentro do sistema motor temos as alterações de tônus (hipotonia/hipertonia), fraqueza muscular, deficit de controle muscular e postural (perda de seletividade dos movimentos dos membros e tronco). Podem ocorrer também perturbações na sensibilidade, alterações visuais e do sistema vestibular.

Além destes, ainda não podemos nos esquecer das alterações cognitivas, como por exemplo, deficit de atenção, de iniciativa, memória e de linguagem (afasias); das alterações perceptuais, representado pelas alterações na noção de linha média do corpo (noção de meio) e déficit do esquema corporal. Distúrbios emocionais muitas vezes estão presentes e interferem de forma importante no prognóstico: apatia, irritabilidade, labilidade emocional entre outros.

Os pacientes com sequelas de AVC apresentam então, prejuízos em diversos aspectos como força, equilíbrio e resistência cardiovascular, refletindo em altas taxas de perdas funcionais, com menor independência para realização de trocas posturais, transferências e atividades de vida diária, repercutindo drasticamente na qualidade de vida.

Diante deste quadro clínico tão diverso, a reabilitação torna-se bastante complexa e desafiadora para os profissionais de saúde envolvidos, sendo constante a busca de novas abordagens. Cada vez mais o método Pilates vem se difundindo como uma opção de exercício físico em diversas populações e como ferramenta de reabilitação, por ser considerado uma alternativa segura de exercício físico, com benefícios na correção da postura, melhora da flexibilidade, resistência, força e equilíbrio dinâmico, permitindo introdução gradual aos exercícios, prescrição individualizada e com possibilidades de adaptações e modificações a cada caso.

Estudos começam a investigar e analisar os benefícios e efetividade do método Pilates na população com sequela de AVC. Alguns artigos publicados avaliaram a influência deste método em relação ao equilíbrio estático e dinâmico, resistência cardiovascular e sobre a qualidade de vida de pacientes com lesões crônicas (mais de 2 anos de lesão). Todos os indivíduos estudados apresentavam marcha independente e sem comprometimentos como afasias ou distúrbios visuais e cognitivos.

Os dados destes estudos forneceram uma evidência inicial de que os exercícios de Pilates podem melhorar aspectos como equilíbrio e função cardiopulmonar de pacientes com AVC, podendo assim implicar positivamente em um aumento na habilidade funcional, além de influenciar positivamente na qualidade de vida destes.

É importante lembrar que o método Pilates é considerado uma ferramenta auxiliar no processo de reabilitação, devendo o fisioterapeuta responsável pelo paciente realizar uma avaliação detalhada e individualizada, considerando a gravidade de comprometimento em todos os sistemas envolvidos e diante disso decidir se haverá indicação para a realização de sessões utilizando o método Pilates, ou então a necessidade de uma intervenção com outras abordagens.

Vale também ressaltar a importância de uma equipe multidisciplinar especializada e comprometida no processo de reabilitação destes pacientes com sequela de AVC.