Maio Amarelo – Conscientização de Acidentes de Trânsito

Nunca se falou tanto em leitos de UTI, número de respiradores, tempo de internação, como nesse período de pandemia pela Covid-19. Estamos sendo constantemente atualizados sobre números de uma dinâmica intra-hospitalar pouco conhecida pela maior parte da população. O que a maioria de nós também desconhece é que grande parte desses leitos hospitalares de alta complexidade em outros momentos são ocupados por pessoas que sofreram acidentes de trânsito.

Segundo um levantamento da Secretaria Estadual de Logística e Transportes, as rodovias do estado de São Paulo registraram redução de 46,7% no número de acidentes durante a quarentena em função da pandemia de coronavírus. Menos acidentes de trânsito significam menos leitos hospitalares ocupados, médicos, enfermeiros e UTIs disponíveis para atender as vítimas da pandemia.

Em meio a isso tudo, em maio ocorre o movimento Maio Amarelo, uma ação coordenada entre o poder público e a sociedade civil que nasceu com uma só proposta: chamar a atenção da sociedade para o alto índice de mortes e feridos no trânsito em todo o mundo. São três mil vidas perdidas por dia nas estradas e ruas ou a nona maior causa de mortes no mundo. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), o Brasil é o 5° país mais violento no trânsito no mundo.

Além de mortes, acidentes de trânsito podem gerar sequelas. Quem trabalha diretamente com pacientes neurológicos, frequentemente conhece histórias comoventes de superação de pessoas que se envolveram em acidentes. Essas sequelas não são apenas consequências físicas. São laços familiares, sonhos, projetos de vida interrompidos bruscamente.

Infelizmente, é difícil constatar que segundo dados de um estudo realizado pelo Ministério dos Transportes, Portos e Aviação sobre Segurança nas Rodovias Federais em 2018, 53,7% dos acidentes foram causados pela negligência ou imprudência dos motoristas, seja por desrespeito às leis de trânsito (30,3%) ou falta de atenção do condutor (23,4%). É o chamado “fator humano”.

No atual momento em que vivemos, que fomos obrigados a nos recolher, nos distanciar de quem amamos para poder cuidar da nossa saúde e dos demais, talvez seja o momento também de refletir que ao podermos retornar aos nossos deslocamentos, é necessário ter mais prudência no trânsito. E pensar que o motorista ao lado, o ciclista, o pedestre, o motoboy que cruza nosso caminho, é um pai, um irmão, uma filha enfim… é o amor da vida de alguém e que uma imprudência, um deslize (aquela olhadinha no celular, uma cerveja antes de dirigir ou o excesso de velocidade por exemplo) pode acabar com uma família, com sonhos ou ainda deixar sequelas por toda vida de quem não tem nada a ver com um ato imprudente.

Se puder, fique em casa, mas se precisar sair, respeite as leis de trânsito.

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