A importância da vacinação e considerações sobre a fisioterapia em casos de poliomielite

A Poliomielite, também chamada de pólio ou paralisia infantil, é uma doença contagiosa aguda causada pelo poliovírus, que pode infectar crianças e adultos por meio do contato direto com fezes ou com secreções eliminadas pela boca das pessoas doentes e provocar ou não paralisia. Nos casos graves, em que acontecem as paralisias musculares, os membros inferiores são os mais atingidos.

A vacinação é a única forma de prevenção da poliomielite. As sucessivas quedas nos índices de alcance da vacinação contra a poliomielite podem levar o Brasil a voltar a ter registros da doença. Desde 2015 a cobertura vacinal em solo nacional está abaixo do mínimo recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que é de 95%. Fora desse patamar, a população não pode ser considerada protegida.

O presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Juarez Cunha, explica que há várias causas para o fenômeno conhecido como hesitação vacinal, quando há vacina disponível, mas as aplicações não acontecem. Um dos motivos é a falta de conhecimento sobre as doenças. “Em 2019 a Organização Mundial da Saúde já colocava como uma das dez ameaças à saúde global, a hesitação vacinal. Umas das principais causas – e aqui cabe bem para a pólio – é a complacência. A falsa sensação de segurança para doenças que as pessoas nunca viram, não conhecem e acham que não precisam vacinar seus filhos e se vacinar. Pólio é um exemplo.”

A Poliomielite apresenta efeitos tardios complexos e diferentes em cada indivíduo. O conhecimento sobre a história da Pólio e dos sintomas da Sequela Tardia da Pólio, ou seja, desde a infecção aguda, a definição, os critérios diagnósticos, as principais manifestações clínicas apresentadas pelos pacientes e as formas de gerenciamento da reabilitação são indispensáveis para o sucesso no tratamento.

A condição da paralisia permanente e de variada distribuição, traz ao fisioterapeuta, o desafio de estudar uma biomecânica corporal alterada somando fatores que podem favorecer o surgimento de sintomas e efeitos deletérios ao próprio corpo. A variação dos sintomas que esse indivíduo apresenta também é bastante desafiador ao terapeuta trazendo muita complexidade, como por exemplo a dor, que possui características multifatoriais, atualmente é considerada e tratada como uma dor do tipo crônica, onde o único consenso das pesquisas já realizadas sobre esse assunto, é manter-se ativo.

Tanto o fisioterapeuta quanto outros profissionais da equipe têm o papel de direcionar as atividades funcionais ou desportivas para que não haja efeito prejudicial. É fundamental que, ao orientar, tratar e prescrever dispositivos auxiliares e órteses, o profissional consiga atingir o alinhamento e a independência adequada sem diminuir a funcionalidade do paciente. Dessa forma, a intervenção não pode causar cansaço ou consideráveis diminuição de velocidade e eficiência da função, pois uma grande parcela desses pacientes apresenta fadiga e fraqueza muscular. A dosimetria dos exercícios também é individualizada e bastante peculiar a esse tipo de paciente, com relação à carga, tempo de contração e repetições. E por sua vez, o paciente quando recebe educação a respeito de suas condições clínicas, melhora a confiança, autoestima e autocuidado.

A informação quanto às sequelas e problemas tardios, alerta para a importância desse autocuidado. Conversar com os pacientes sobre seu dia-a-dia ajuda-o a descobrir soluções e técnicas de conservação de energia durante as atividades. Geralmente, surge a necessidade de mudanças no estilo de vida e até mesmo novas propostas profissionais. Um correto diagnóstico é importante e inúmeras estratégias de tratamento de reabilitação podem auxiliar os sobreviventes da Poliomielite a garantir uma melhor qualidade de vida. São muito eficazes as terapias em grupo associadas à intervenção individual, onde ocorre troca de informações, socialização, experiências partilhadas e agregam muito à melhora da segurança emocional.

A garantia para uma melhora duradoura da qualidade de vida depende da manutenção dos cuidados, das consultas necessárias e da nova rotina. A escuta e valorização das queixas do paciente é essencial para criação de vínculo de confiança com o terapeuta e, consequentemente para o sucesso do programa terapêutico.

A longa batalha vivenciada por cada um dos pacientes com poliomielite, deve servir de alerta à importância da vacinação em nossa população.

Adriane Fukui Ogura

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